Ontem, 16 de outubro, é comemorado o Dia Mundial da Alimentação. Neste ano, o tema escolhido foi “nossas ações representam nosso futuro: dietas saudáveis para um mundo fome zero”, afirmando a relação entre garantia da segurança alimentar e nutricional e sustentabilidade na produção de alimentos e qualidade no seu consumo.

As comemorações são promovidas pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO). Internacionalmente, a FAO organizou uma cerimônia em sua sede, em Roma, e produziu e difundiu por meio de seus canais materiais sobre a data e como adotar práticas alimentares mais adequadas.

Na cerimônia, o diretor-geral da FAO, Qu Dongyu, ressaltou o papel de todos os setores para promover hábitos mais saudáveis.“O progresso de dietas mais saudáveis requer a colaboração de todos os atores, governos, sociedade civil, organizações, centros de pesquisa, indústria alimentícia e consumidores devem fazer seu papel”, defendeu.

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Antônio Guterres, publicou mensagem no Twitter sobre o Dia Mundial na qual destaca o fato de 155 milhões de crianças estarem em condição de má nutrição crônica, podendo sofrer as consequências dessa situação pelo restante de suas vidas. “A fome causa quase metade das mortes de crianças no mundo. Isso é intolerável”, declarou Guterres.

Batalha contra a fome

O papa Francisco também divulgou uma mensagem em suas redes sociais. “A batalha contra a fome e desnutrição não vai terminar enquanto a lógica do mercado prevalecer e os lucros forem perseguidos a qualquer custo”, afirmou o pontífice, em mensagem lida por um representante do Vaticano.

Segundo a professora e integrante do Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutricional da Universidade de Brasília, Elisabetta Recine, a relação entre alimentação saudável e o combate à fome e desnutrição é uma abordagem recente na área e vem crescendo nos últimos anos, apontando não somente os impactos para a saúde, mas também para o meio ambiente.

“Pode parecer óbvio, mas, por incrível que pareça, este tema é relativamente recente internacionalmente porque os sistemas alimentares se organizaram de tal maneira que não estão garantindo alimentação saudável e, portanto, não estão garantindo saúde das populações. Ao contrário, a base dessas três grandes crises (climática, pandemia de obesidade e persistência da desnutrição) são os sistemas alimentares”, explicou.

Fome e obesidade

Segundo o último relatório da FAO, a fome afetava em 2017 821 milhões de pessoas em todo o planeta. “O estado da segurança alimentar e nutrição no mundo 2019”, divulgado pela entidade neste ano, mostra um movimento declinante do montante de pessoas desnutridas desde 2005, quando havia 947 milhões de indivíduos desnutridos. O número caiu para 785 milhões em 2015, mas voltou a subir em termos absolutos, retomando os índices de 2010 – na casa dos 820 milhões.

A América Latina seguiu esse movimento, saindo de 8,1 milhões de pessoas em 2010 para 5,3 milhões em 2015 e voltando aos 5,7 milhões em 2018. No Brasil,  2,5% da população estão na situação considerada de fome.Já a obesidade foi identificada em 13,3% da população mundial em 2016, com mais de 670 milhões de pessoas. Até 2025, a estimativa da organização é que possa chegar a 50% de todo o planeta. No Brasil, o problema alcança um em cada cinco brasileiros, taxa acima da média mundial.

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