Rio de Janeiro passa a marca dos 80 mil pacientes recuperados do coronavírus

Aos 44 anos, o enfermeiro Max Roldney não imaginava que, em algum momento da vida, trocaria de lugar e se tornaria o paciente. Acostumado a socorrer as pessoas no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) de São João de Meriti, Max se viu diante de um desafio: os primeiros sintomas do novo coronavírus. Dias depois, ele foi internado no Hospital Regional Zilda Arns Neumann, em Volta Redonda, uma das unidades de referência do Governo do Estado para o tratamento da Covid-19.

 “No dia 11 de abril, comecei a sentir os primeiros sintomas da Covid-19. Iniciei o tratamento em casa, mesmo, com medicamentos, mas meu quadro se agravou para uma insuficiência respiratória. Busquei atendimento na Upa de Belford Roxo e, de lá, fui transferido para o Hospital Zilda Arns. Fiquei nove dias internado na UTI e, graças a Deus, no dia 29 de abri, tive alta. Posso dizer que sobrevivi ao coronavírus”, contou Max, que já retornou às atividades profissionais.

 “Hoje, eu olho mais ainda, a partir de agora, para os meus pacientes. A sensação de sobreviver a uma doença tão grave como esta é indescritível. É realmente uma vitória e, acima de tudo, Deus. Lutei por não ser entubado, mas, do leito onde eu estava internado, vi colegas que vieram a óbito. Costumo dizer que o trabalho no SAMU é a frente da linha de frente. Então, valorizo ainda mais a minha atuação e de meus colegas”, descreveu o enfermeiro.

 Do hospital para vida: amizades nos leitos

 Os 20 dias em que ficou no CTI do Hospital Estadual Azevedo Lima, em Niterói, foram suficientes para que Felipe Abraão, de 27 anos, criasse amizades. Além das chamadas de vídeo com a família durante o período de isolamento hospitalar, o bate-papo com outros pacientes internados e com as equipes de enfermagem ajudava a amenizar o difícil momento.

“No quinto dia hospitalizado no Azevedo Lima, fui transferido para o CTI. Não cheguei a ser entubado, mas fiquei no ventilador que me ajudava a respirar melhor. Dos médicos às equipes de enfermagem, todos me trataram muito bem. Mas, voltar para a casa foi um grande alívio”, disse, Felipe.

 O comerciante, assim que teve alta, soube que os familiares receberam apoio psicológico durante a internação dele. Felipe, que já retornou as atividades relembrou qual é a sensação de ter superado o coronavírus.

 “Meu estado de saúde se agravou muito rápido. Vi que a doença é de verdade e, diante da realidade, é um misto de susto e choque. Me perguntava sempre se seria o próximo a morrer. Mas, graças a Deus, e com o trabalho excelente dos funcionários do hospital, eu sobrevivi. Tiro uma grande lição, que é dar valor às pequenas coisas da vida”, falou o jovem.

“Sensação inexplicável”

 Quando chegou ao Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, após fazer uma tomografia do tórax, Rosângela da Silva Lemos foi informada que estava com 75% do pulmão comprometido. Imediatamente, a moradora de Padre Miguel, bairro da Zona Oeste da capital, foi internada na unidade.

 “Fiquei internada de 30 de abril a 7 de maio e só pensava que não iria ver mais minha família, principalmente meus netos. Mas, a equipe do Adão Pereira Nunes nos tratou muito bem e fui me recuperando aos poucos”, relembrou Rosângela, que, ainda, completou:

 “Tantas pessoas com que estavam com o pulmão melhor que eu, não tiveram a chance de se recuperar do coronavírus. Eu, mesmo com mais da metade do órgão comprometido, saí vencedora. Ainda estou me recuperando, fazendo fisioterapia respiratória, mas muito grata, principalmente pela equipe que cuidou de mim enquanto eu estava no hospital. Hoje, olho com mais cuidado para o próximo”, concluiu ela, que tem 55 anos e uma nova vida.

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