Alerj homenageia líderes que promovem o diálogo inter-religioso

Um encontro ecumênico reuniu líderes de diversas religiões no Plenário da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) na tarde desta segunda-feira (22/11). A jornalista Luzia Lacerda, que há dez anos está à frente do Instituto Expo Religião, foi homenageada com a Medalha Tiradentes, mais alta honraria do Parlamento fluminense. A cerimônia contou com a presença do cardeal arcebispo Dom Orani João Tempesta, que recebeu o título de Benemérito do Estado. Ele já foi condecorado, em 2013, com a Medalha Tiradentes. Outros 21 integrantes do Grupo de Trabalho do instituto foram condecorados com a Moção de Congratulações e Aplausos.

 “O Brasil é um país laico e, como tal, devemos lutar contra todo o tipo de perseguição e de discriminação a qualquer que seja a religião. Esse exemplo da Luzia é belíssimo, de reunir e congregar uma gama tão ampla de religiosos, em um diálogo bonito e emocionante. Como disse Dom Orani, o mundo precisa desse diálogo. Precisa respeitar a crença de cada um. E a Alerj é a casa do povo, nada mais justo que trazê-los aqui. Agregar e respeitar, que é isso que precisamos”, afirmou o presidente da Alerj, deputado André Ceciliano (PT), autor da iniciativa em conjunto com os deputados André Correa (DEM) e Martha Rocha (PDT).

 O Expo Religião reúne representantes de 28 segmentos de cultos no Rio de Janeiro. O evento realizado no feriado da Proclamação da República reuniu mais de dez mil participantes na Biblioteca Parque do Estado, no Centro do Rio. A programação contou com danças, palestras, gastronomia, rodas de conversas, exibição de filmes, dentre outras ações.

 “Receber essa medalha das mãos de Dom Orani é uma emoção imensa. Essa medalha não pertence a mim, mas sim ao Instituto Expo Religião e aos religiosos que o compõem, que durante esses dez anos tem caminhado junto conosco. Nós crescemos muito depois que passamos a fazer parte da comissão criada pelo cardeal, que é a Diálogo e Paz. Então, é uma troca de experiências que só fez crescer o Instituto”, disse Lacerda, que anunciou, para 2022, um congresso baseado no seminário que nós realizado pela Alerj e a Fundação Anita Mantuano de Artes do Estado do Rio de Janeiro (Funarj).

 Dom Orani ressaltou a importância de encontros como o de hoje, para celebrar a diversidade religiosa do Rio de Janeiro. “Que o dia de hoje sirva de incentivo para o diálogo interreligioso entre as pessoas, já que vivemos uma cidade tão plural. Precisamos encontrar cada vez mais as pessoas e conhecer o bem que cada uma delas traz no seu coração. A fé nos faz ver os acontecimentos com outros olhos. Nos dá forças para que sigamos fazendo o bem em meio a tantas dores e sofrimentos.” comentou.

 Representando a religião evangélica, o pastor Ayo Balogun elogiou a iniciativa da Alerj de promover o diálogo inter-religioso ” É uma honra receber esta moção. Percebo a necessidade de nos reunirmos e de dialogarmos, porque não há guerra entre nós. Há paz. E quando você diz que não tolera o outro, você não o ama. É uma alegria ver que o Brasil está caminhando para ser exemplo para o mundo de que é possível dialogar sem brigar”, disse o pastor.

 O presidente da Federação Israelita do Rio de Janeiro (Fierj) Paulo Maltz expressou o desejo de que a intolerância religiosa tenha fim e que todas as crenças convivam em harmonia. “Independente dessa moção que muito nos orgulha, o trabalho precisa continuar a ser feito incessantemente. Estamos plantando uma sementinha e esperamos que isso frutifique para as gerações futuras, para que aprendam com a harmonia que esse grupo tem e possam desenvolver uma convivência melhor”, afirmou Paulo.

O sentimento de união e respeito mútuo foi reforçado pelo babalorixá do candomblé, professor e escritor Márcio de Jagun. “É fundamental a gente perceber que as instituições se abrem para o fomento dessa união que não diz respeito a dogmas, mas sim a solidariedade e a um comportamento mais respeito. Essa moção significa o brinde da celebração desse diálogo inter-religioso e do respeito às diversidades que existem no nosso estado”, afirmou Márcio.

A Alerj está engajada na luta contra o preconceito religioso. Há uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar casos de intolerância religiosa no Estado do Rio. A Casa abrigou, este ano, o Terceiro Seminário Inter-Religioso, realizado pelo Instituto Expo Religião, para debater, justamente, o tema da intolerância religiosa. Além dessas ações, no início deste ano, foi sancionada a lei que institui nos colégios públicos e privados do estado a Política de Combate à Intolerância Religiosa, com o objetivo de conscientizar os estudantes sobre essa questão.

 Também estiveram presentes Luiz Paulo (Cidadania) e Márcio Pacheco (PSC), além do presidente da Funarj, José Roberto Gifford.

FOTO Thiago Lontra/Alerj

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