Helder Pedro na disputa  pela Prefeitura de Japeri

O PSC promoveu na semana passada a convenção que homologou a candidatura do vereador Helder Pedro à Prefeitura de Japeri. Após o evento, que contou com a presença do presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), André Ceciliano, do deputado estadual Pedro Brazão, entre outras importantes lideranças políticas, Helder nos concedeu entrevista para falar sobre os principais problemas e soluções para um dos municípios mais pobres do Estado do Rio de Janeiro.

Helder, por que os índices de Japeri são tão ruins?

Japeri possui 29 anos de emancipação, apesar de ser um município novo, nada justifica a cidade figurar em todos os índices oficiais (IDEB, IFDM, IOEB, IDH) como o pior ou ficar na zona de rebaixamento. Em pesquisa publicada neste ano sobre desigualdade social realizada pela Casa Fluminense, o município de Japeri aparece entre os piores índices em quatro quesitos: emprego, saúde, educação e saneamento.

O problema passa pela corrupção, má gestão orçamentária, falta de planejamento e profissionalização na administração pública.

Como melhorá-los?

A primeira coisa a se fazer é eliminar a sangria da corrupção. Precisamos melhorar os sistemas de pesquisas de preço da licitação para que o município pague realmente o menor valor. Também se faz necessário enxugar o excesso de terceirização de serviços. A prefeitura chegou a fazer uma licitação para lavar caixa d’agua por quase 700 mil, isso não pode acontecer. É preciso que o município componha a estrutura com quadro mais técnico para melhorar os gastos e aumentar a receita.

Qual são os principais problemas da cidade?

Nesses quase 8 anos como Vereador tenho muito contato com a população e as maiores demandas são saúde, educação e saneamento básico

O que tem que mudar na saúde?

A saúde é uma das áreas mais complexas de qualquer gestão, pois o administrador lida com a pessoa em um momento de maior fragilidade que é quando ela está doente.

A primeira medida que o gestor deve fazer é aumentar o número de postos de saúde, pois Japeri possui apenas nove unidades, o que é muito pouco para uma população de 100 mil habitantes, apesar da Organização Mundial da Saúde (OMS) não ter uma recomendação sobre isso, somente para médicos que indica a quantidade de um médico para cada grupo de mil habitantes, Japeri precisa de no mínimo 16 unidades.

O município precisa também de outro plus na atenção básica que é a implantação das Clinicas da Família que é um importante equipamento para prevenção da saúde e diagnóstico precoce das doenças. No município do Rio de Janeiro, por exemplo, as unidades resolvem 85% dos problemas de quem busca atendimento, evitando a sobrecarga dos hospitais.

Uma das vantagens das Clínicas da Família sobre os postos de saúde é que lá são feitos exames como raio-x, eletrocardiograma, ultrassonografia e exames laboratoriais, além de programas de controle de peso.

Parece brincadeira, mas não é. O morador de Japeri enfrenta graves problemas para ser atendido em algo que deveria ser muito simples: marcação de consultas, principalmente as com especialistas. Na cidade a marcação ainda é presencial. Se faz necessário a implantação do agendamento on-line com o envio de sms para o telefone do usuário para lembrá-lo do procedimento marcado, caso ocorra esquecimento.

Outro problema que precisa ser enfrentado é a baixa cobertura no atendimento das equipes da saúde da família que em Japeri é de apenas 39,52% e das equipes de Atenção Básica que é somente 44.400 é possível aumentar para pelo menos 70% de cobertura, cada.

Outro grande problema de Japeri é o atendimento na Policlínica Itália-Franco. Mesmo com uma recente reforma que custou quase três milhões de reais, a unidade ainda apresenta os mesmos problemas de antes. Falta humanização no atendimento, os profissionais não possuem estrutura sequer para regular o paciente para transferir para outra unidade de atendimento. Temos que aumentar o número de médicos e também implantar o prontuário eletrônico que diminui a chance de erro, além de otimizar os recursos.

Um terceiro desafio é a questão da maternidade, a mãe já começa a enfrentar dificuldade desde o pré-natal, não é por menos que Japeri,  de acordo com o Comitê Estadual de Combate a Morte Materna (2014), ficou em primeiro lugar por mortalidade materna na Baixada Fluminense. Então é preciso melhorar o pré-natal e, além disso, fazer uma maternidade em Japeri.  Hoje nossas mães se socorrem no Hospital da Mãe, em Mesquita ou na Maternidade Municipal Mariana Bulhões, em Nova Iguaçu.

E na educação?

Atitudes simples podem melhorar muito os índices educacionais de Japeri. É imprescindível fornecer uniforme e material escolar no inicio do ano letivo. Proporcionar merenda de qualidade, integrar a educação com outras secretarias como esporte, cultura, saúde e ação social, pois muitas vezes o baixo aprendizado dos alunos ocorre por diversos fatores, por isso se faz  necessário o acompanhamento dentro e fora da escola. Valorizar o professor, fomentar atividades extracurriculares, estimular uma educação criativa, realizar avaliações constantes, estimular encontros freqüentes entre professores, pais e alunos e investir no ensino digital também são atitudes que o gestor pode tomar que impactarão no melhor resultado do IDEB.

Outro ponto que merece destaque é a criação de uma Fundação Educacional Profissionalizante em Japeri. A importância desses cursos é que eles oferecem uma qualificação em pouco tempo, o que o coloca o morador mais rápido no mercado de trabalho.

Pesquisa da Fundação Getúlio Vargas informa que 62,58% dos alunos que fizeram um curso profissionalizante conseguiram vaga no mercado de trabalho. Essa iniciativa vai ajudar muito no aumento de renda da nossa população que está há muitos anos fora da sala de aula e não conseguiu chegar na Universidade.

Outra pauta que já demos inicio é a implantação de um pólo de ensino a distância – EAD, CEDERJ na escola estadual Armando Dias, isso vai facilitar muito a vida do estudante de Japeri que deseja fazer um curso de nível superior.

E o que fará para gerar emprego e  renda na cidade?

De acordo com dados do IBGE metade da população de Japeri vive com até meio salário mínimo, sendo a pior renda da região metropolitana do Estado do Rio de Janeiro.

Uma das estratégias de curto prazo para mudar esse quadro é investir de forma pesada em cursos profissionalizantes, a baixa escolaridade da nossa população combinada com o ensino de má qualidade causa reflexo direto na renda dos nossos moradores. É importante instalar fábricas no município, mas se o nosso povo não tiver melhor qualidade de ensino, encontraremos a realidade que temos, as vagas que surgem na cidade são ocupadas por pessoas que não moram aqui.

Pesquisa da Fundação Getúlio Vargas informa que a cada ano de estudo o salário pode aumentar em até 15%, além disso, o aumento na escolaridade faz com que o cidadão fique menos vulnerável ao desemprego em momentos de crise, isso ficou claro agora com o pagamento do auxilio emergencial pelo governo federal, a maior parte da nossa população está no mercado informal de trabalho, isso tem relação direta com a falta de oportunidades nos estudos, ou seja, para crescermos é necessário investir em educação de qualidade.

Japeri sofre com a falta de saneamento básico, como você fará para mudar essa realidade?

O município de Japeri já deveria ter resolvido esse problema há algum tempo, bastava investir o dinheiro dos royalties do petróleo de forma prioritária nessas políticas de infraestrutura que envolve o saneamento, asfaltamento e meio ambiente.

O município recebe por ano algo aproximado em 23 milhões de reais, o que dá mais de 80 milhões em 4 anos, isso seria o suficiente para melhorar muitos os índices de falta de saneamento na cidade, no entanto, eles usam esse dinheiro para quase tudo, menos para o que realmente foi criado, inclusive o Tribunal de Contas já recomendou ao município que utilize esse dinheiro em obras de infraestrutura, já que são recursos que tem prazo de duração limitado, porém , a realidade que vemos e bem diferente.

Japeri não tem aprovado o Plano Municipal de Saneamento Básico, isso é um absurdo que impede o município de receber recursos do governo federalpara enfrentar esse problema.

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