Não há regra geral sobre isolamento social, diz ministro da Saúde

O ministro da Saúde, Nelson Teich, disse ontem (7) que o governo não tem uma uma regra geral para todo o país sobre a necessidade do isolamento social. Segundo ele, diferentes medidas devem ser adotadas por estados e municípios a depender do avanço do novo coronavírus em cada local.

Teich, que assumiu a pasta da Saúde há cerca de 20 dias, participa de uma reunião da comissão externa da Câmara dos Deputados que debate ações preventivas contra o coronavírus.

“A gente tem desde medidas mais simples, que vão passar principalmente por distanciamento social, higiene das mãos, uso de álcool em gel e das máscaras, até situações em que vai ter que ter o lockdown [fechamento total, confinamento]. O problema é que não dá para trabalhar essa discussão como se o lockdown fosse a essência de tudo”, disse o ministro, ao ser questionado sobre qual a orientação do governo sobre o isolamento social.

De acordo com Teich, o ministério elaborou uma “matriz de riscos” para orientar os entes federados nas medidas. A matriz leva em conta critérios como a incidência e o crescimento da doença no local, a estrutura disponível, como hospitais, leitos deunidade de terapia intensiva (UTI) e ambulatórios para tratar os casos do novo coronavírus e os recursos humanos disponíveis.

“Com isso, a gente avalia o quão difícil vai ser para a estrutura suportar o crescimento [da doença]. A partir daí, você define se tem que segurar muito o número de casos novos e aí você pode ter que chegar a situações extremas como o lockdown”, disse Teich. “O que não podemos é transformar isso em uma discussão política, é uma discussão técnica. Vai ter uma situação para cada lugar e cada momento”, acrescentou.

O lockdown, uma espécie de bloqueio total, é considerado como uma medida mais radical de distanciamento social, quando o funcionamento de estabelecimentos e a circulação de pessoas é restringida ao máximo.

De acordo com o ministro, caberá a estados e municípios decidir qual o tipo de medida, inclusive o lockdown, deve ser adotada. “A orientação geral hoje é que se analise cada região com base nas variáveis, lembrando que essa é uma decisão local de estados de municípios”, afirmou.

A medida foi adotada no Maranhão na última terça-feira (5), por determinação judicial, em quatro municípios da região metropolitana de São Luís.

O lockdown também foi anunciado pelo governo do Pará, em 10 cidades, e vai funcionar de hoje até o próximo domingo (9) de forma “educativa”. Depois, punições poderão ser aplicadas em caso de descumprimento até o domingo (17).

No Ceará, a capital Fortaleza, decretou a partir de hoje (8) a proibição da circulação de pessoas” em locais ou espaços públicos, “salvo quando em deslocamentos imprescindíveis para acessar as atividades essenciais”.

Ministro Nelson Teich vem ao Rio hoje

Em audiência realizada na quinta-feira (6) o presidente da Comissão Externa para o Coronavírus, deputado Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr. (PP-RJ) fez um apelo para que haja ações mais assertivas para o Rio de Janeiro, com maior integração entre as redes federal, estadual e municipais de Saúde.

“O que estamos vivendo no Rio já é um estado de calamidade. A Baixada Fluminense, que tem mais de 4 milhões de habitantes, ainda não recebeu respiradores. Peço que a gente consiga agir de forma diferente dos outros Estados e aproveitar as estruturas e equipamentos existentes nos hospitais federais e estaduais. Nós temos que usar os equipamentos e leitos que estão disponíveis no Rio de Janeiro nesse momento. Eles precisam servir à população”, disse o deputado.

Dr. Luizinho afirmou, ainda, que o Estado do Rio de Janeiro tem problemas com recursos humanos e que caso o valor que está sendo oferecido a profissionais pela RioSaúde, ligada à Prefeitura da capital, não for revisto, os chamamentos continuarão “desertos”, ou seja, sem interessados.

O deputado sugeriu, ainda, mudança nos critérios de internações, com a confirmação de diagnóstico da Covid-19 feita por tomografias computadorizadas e medição de saturação do sangue por meio de oxímetros. Como faltam testes, essa seria uma forma de ter diagnósticos de forma mais rápida e evitar uma grande demanda pelas UTIs. “Estamos diagnosticando tarde, quando interna já precisa de UTI”, disse o deputado, que é médico.

Ministro visita o Rio nessa sexta Teich disse que irá ao Rio nesta sexta-feira (8) e se reunirá com o governador Wilson Witzel, prefeitos e secretários, além da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).

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