Novos caminhos estão sendo traçados pelas amigas Joseane e Michele que, há três semanas, atuam como copeiras no Detran.RJ. Ambas integram o sistema prisional e, por meio da oportunidade de um emprego pela Fundação Santa Cabrini (FSC), vinculada à Secretaria de Trabalho e Renda, buscam novas perspectivas de vida através da expansão da política pública destinada aos apenados fluminenses.

“Já estava há dois anos na luta para encontrar um emprego. Essas portas que nos foram abertas foram muito importantes. Falo não só por mim, mas por quem, assim como eu, está enfrentando os obstáculos aqui fora por conta da falta de oportunidade. Eu estou no sistema há cinco anos, longe da minha família. Então, tudo que eu esperava era um trabalho que pudesse me manter. Hoje, eu já vejo as possibilidades acontecendo”, disse Joseane, de 51 anos, que integra o regime de Prisão Albergue Domiciliar (PAD), que é o uso de tornozeleira para monitoramento.

“É bastante gratificante porque agora a gente tem uma nova perspectiva de vida e de aprendizado. Tenho a possibilidade de, terminando a sentença, continuar trabalhando no mesmo ramo que já estou. Além de poder ajudar nossos familiares com uma renda maior, estou me ajudando também. É uma forma de mostrar para a sociedade que nem tudo está perdido. É uma sensação de recomeço e gratidão”, descreveu Michele, de 36 anos, que está no regime semiaberto.

As duas copeiras fazem parte de um grupo de 340 pessoas que, recentemente, foram contratadas pelo Detran.RJ. No contrato, de um ano de duração, todos realizam serviços gerais na sede e nos postos do órgão no estado. Os presos selecionados para esse tipo de atividade de reintegração à sociedade passam por um processo de avaliação feito pela FSC, gestora da mão de obra prisional no Rio de Janeiro.

“Os funcionários foram recebidos de braços abertos e sem preconceitos. Todos os selecionados são merecedores e temos confiança de que desempenham suas funções com êxito e responsabilidade. Além disso, o Detran.RJ vai economizar R$ 8 milhões por ano com a contratação dos trabalhadores da Santa Cabrini”, afirmou o presidente do órgão, Marcelo Bertolucci.

O pagamento dos funcionários segue a Lei de Execução Penal, com recebimento pelo serviço prestado (salário mínimo nacional) e auxílio para transporte e alimentação. A cada três dias trabalhados um é abatido do tempo total de condenação.A Fundação Santa Cabrini formalizou, além do Detran.RJ, parcerias com outros órgãos públicos, nas esferas municipais, estaduais e federais. Ao todo, 16 instituições fazem parte do projeto de ressocialização dos apenados do sistema fluminense.

“Essas parcerias (públicas e privadas) são de grande importância para a reintegração social. Dessa forma, buscamos cada vez mais a expansão de postos de trabalho para esse público, visando à transformação desses indivíduos e a reinserção deles no mundo do trabalho”, lembrou o presidente da Fundação Santa Cabrini, Darci Azevedo.

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