Em determinadas épocas do ano, como no período de Páscoa, cresce o consumo de pescados. Embora sejam muito saudáveis, os peixes são altamente perecíveis. Por isso, é importante ter muita atenção e cuidado para que se compre produtos sempre de qualidade e bons para o consumo.
De olho na segurança do alimento, é dever não só de quem vende, mas também de quem compra, analisar alguns aspectos para identificar se o produto está ideal para consumo. Se ele for fresco, precisa estar em ambiente refrigerado, coberto com gelo, e apresentar escamas com brilho metálico e olhos brilhantes e salientes, por exemplo.
Mas não são só os aspectos físicos que garantem que o peixe está ou não ideal para consumo. De acordo com Caroline Dallacorte, engenheira de alimentos e diretora de crescimento da SYOS, startup que desenvolveu com inteligência artificial uma técnica de monitoramento da temperatura na cadeia de distribuição de alimentos e medicamentos, uma das bactérias existentes, a que é chamada de patógeno, é mais difícil de ser vista a olho nu. “Enquanto a bactéria deteriorante indica mudança de cor, textura e sabor e nem sempre faz mal à saúde, a patógeno, que causa risco, é difícil de ver”, explica. Por isso, Caroline orienta que, se o consumidor notar algo diferente, o ideal é não comprar o alimento para que não haja riscos. “Se a característica padrão já foi alterada, é possível que microrganismos patógenos também possam ter se desenvolvido ali”, reforça.
E como ter certeza de que o peixe pode ser consumido?
O primeiro ponto a se notar é a temperatura do ambiente em que ele está, como freezers, balcões e ilhas. Depois vale atenção redobrada em relação à parte física, já que muitos alimentos congelados podem sofrer perda de temperatura e depois serem congelados novamente, o que não é uma boa prática.
Sendo assim, em relação a peixes congelados, Caroline orienta o consumidor a checar se a embalagem está rígida e se não há nenhum sinal de caixa molhada, que pode indicar descongelamento também. Se o peixe estiver com bastante gelo na embalagem ou até mesmo menos rígido do que deveria, opte por outro produto.
Peixes frescos, resfriados, enlatados e em conserva também devem ser observados. Os frescos, como citados acima, precisam estar cobertos de gelo e em ambiente refrigerado, entre -1 e 3°C. Já os resfriados precisam ser mantidos em temperatura de, no máximo, 3°C, e os enlatados e em conserva precisam ter embalagem livre de ferrugem ou de sujeira, prioritariamente.
Cuidados no transporte
Para que o peixe chegue da forma adequada aos pontos de venda, a logística de distribuição da cadeia de peixes precisa seguir uma série de boas práticas. Além de serem acondicionados corretamente, a questão da temperatura é fundamental.
De acordo com a FoodSafetyBrazil, a carga de peixes congelados, qualquer que seja a sua apresentação (inteiro, sem cabeça, filé, postas, empanado etc.), deve atingir uma temperatura de -18°C ou mais fria em seu centro geométrico, e o meio de transporte deve garantir que essa temperatura se mantenha até a chegada ao destino.
O cuidado também vale para o transporte dos pescados do ponto de venda para a casa do consumidor. “É ideal que os produtos congelados e, principalmente, os resfriados, sejam colocados no carrinho no final do processo de compras. Assim, quanto menos tempo ficarem fora da temperatura ideal, melhor. Isso vale para o trajeto do supermercado para casa: quanto menos paradas e tempo levar, mais indicado. Assim o produto corre menos risco de chegar já deteriorado”, sugere Caroline.
Foto: Marcelo Camargo/ABr