Passados quase sete anos alunos da última conquista, a Escola Técnica Estadual Henrique Lage (ETEHL), unidade vinculada à Rede Faetec localizada em Niterói, volta a brilhar no maior evento de tecnologia da América Latina: a Mostratec. O evento acontecerá em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, dos dias 25 a 27 de outubro. Neste ano, a Feira vai receber trabalhos de todos os estados do país e de mais 16 nações da América, Europa, Ásia e África. A ETEHL é a única escola selecionada do Rio de Janeiro.

Este ano a escola concorre com o projeto das alunas Eloah Marvila Padrone, 17 anos; e Rebeca Apolinário, também de 17 anos, ambas alunas do 3º Ano do curso Técnico de Eletrônica. Trata-se de um equipamento para ajudar na síndrome do pé caído, consequência de uma lesão, na maioria dos casos, no nervo fibular, que incapacita o portador de realizar o movimento de dorsiflexão, ou seja, levantar o pé, afetando o caminhar do portador da contusão.

As adolescentes trabalham no projeto desde dezembro de 2021, quando foram convidadas pelo professor Altair Martins, para participarem do projeto “Novos Talentos”. De início, a ideia era formular um projeto em que auxiliasse pessoas com algum problema motor das partes inferiores. Durante a prospecção de informações, em visita ao setor de fisioterapia da Universidade Federal do Estado Rio de Janeiro (UFRJ), descobriram que a deformação do pé caído afetava muitas pessoas por conta de lesões e que boa parte dessas pessoas foram vítimas do Zika vírus.

De volta às pesquisas, formularam sensores que ao serem colocados nos pés dos pacientes auxiliam no movimento da marcha natural de dorsiflexão. Para Eloah, essa classificação, numa mostra tão importante, é um divisor de águas em meio a tantas dúvidas da carreira à qual seguir. Ajudar pessoas através da tecnologia, para terem uma qualidade de vida melhor, com certeza é um caminho a seguir.

“Esse projeto abriu as portas que eu sequer poderia imaginar. Não tinha ideia de que poderia unir eletrônica e saúde num mesmo projeto. Foi muito importante, porque a partir daí decidi que posso seguir na área, na Engenharia Biomédica, por exemplo”, afirmou a jovem cientista.

Para a estudante Rebeca Apolinário, essa classificação na Mostratec 2022 é uma recompensa ao esforço da dupla que se debruçou por meses no projeto.

“Para mim, foi uma alegria muito grande. Éramos uma das únicas duplas que ficava até a noite: das 3h da tarde até às 10h da noite. Saber que o projeto está dando certo é muito recompensador. Se pudesse dar um conselho a todos os estudantes seria achar o objetivo de vida. Eu não vou entrar numa faculdade só por dinheiro, agora minha maior motivação é ajudar as pessoas”, disse a motivada estudante cientista.

No entanto, o caminho trilhado por essas jovens cientistas teria sido ainda mais dificultoso, caso não existisse alguém que acreditasse no projeto, dando suporte a essa tempestade de ideias. É aí que entra o papel do professor Altair Martins, um motivador por excelência, além de ser responsável por várias conquistas de alunos da ETEHL. Para o docente, é muito importante estar participando da única Feira internacional de jovens cientistas que ocorre no Brasil.

“A Mostratec é Feira internacional e classifica projetos do mundo inteiro. Só em estarem lá, esses alunos já sabem que o projeto deles está entre os melhores do mundo. Isso para o aluno é muito importante, para a escola também. Elas trabalharam o ano todo no projeto, trata-se de uma consagração ser classificado para uma Feira onde estão os melhores”, vibra o professor.

A estrutura ainda está em teste, mas nada impede de encarar essa classificação como uma grande oportunidade na incipiente carreira dessas jovens cientistas. Quem sabe repetir o desempenho de 2015, quando alunos da escola voaram alto e pousaram nos Estados Unidos com tudo pago, para expor na Intell ISEF. Fica a torcida para essas meninas superpoderosas.