“O dia que tirei o alisado, me batizei: sou negra”, contou Zezé Motta

“Eu ouvia das pessoas que meu cabelo era ruim e meu nariz era chato e feio. Foi depois que vi pretas altivas nos Estados Unidos que entendi que era possível andar de cabeça erguida”. O relato é da atriz, cantora e referência na luta contra o racismo, Zezé Motta, contado para uma plateia de funcionários da Águas do Rio, nesta sexta-feira (25/11), na sede da concessionária, na Zona Portuária do Rio. “O dia que tirei o alisado, me batizei: sou negra”, falou. Sua história de empoderamento foi acompanhada por uma verdadeira aula sobre antirracismo feita por Leizer Vaz, fundador do Comunidade Empodera, em um bate-papo carregado de potência transformadora.

Celebrando o mês da Consciência Negra, o evento fez parte do programa Respeito Dá o Tom, da Aegea, empresa controladora da Águas do Rio. O projeto, que faz parte da cultura da companhia, promove palestras, rodas de conversa e ações de RH, atuando de acordo com o objetivo 10 da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), que trata sobre a redução da desigualdade racial no mercado de trabalho.

“São 350 anos de escravidão e 130 de exclusão social que geraram um legado perverso para a população negra brasileira e eu acredito no papel da iniciativa privada para mudar essa realidade”, falou Leizer, empresário que oferece consultoria em empresas para contratações focadas na diversidade. Sua fala sobre autorresponsabilidade no combate ao racismo foi fechada com uma reflexão sobre um dos conceitos mais enraizados no mercado de trabalho:

“Há meritocracia em um país onde naturalizamos a desigualdade social? Se você é uma pessoa que acredita nisso, vai acreditar também que lutar pela diversidade na sua empresa é baixar a régua da qualidade. Pois saiba que só com ações afirmativas que vai conseguir gerar oportunidades e mudar a vida de alguém que precisa quebrar o círculo de pobreza de gerações de uma família. Abra esse espaço, abrace a diversidade e se torne uma pessoa melhor no caminho”, falou.

Respeito Dá O Tom

O programa, que existe há cinco anos dentro da Aegea, é responsável por promover a equidade nas oportunidades de acesso à empresa e de crescimento profissional dos colaboradores que se autodeclaram pretos e pardos. É por conta das ações afirmativas sob o guarda-chuva do Respeito Dá O Tom que a Águas do Rio reflete a diversidade de cores brasileira: 62% dos 8 mil funcionários se autodeclaram negras e negros.

Em sua fala, o presidente da concessionária, Alexandre Bianchini, reafirmou o compromisso de atuar diretamente nas comunidades fluminenses.

“Não queremos apenas dar emprego, estamos falando de dar oportunidade de crescimento pessoal, profissional, social, algo realmente transformador. São eles que sabem como ninguém a realidade de onde moram e têm a nobre responsabilidade de levar dignidade para sua comunidade. Estão tocando o coração das pessoas, mudando a vida de muitos e deixando sua marca no mundo”, finalizou.

O evento contou ainda com a participação do líder do programa Respeito Dá O Tom, Marcos Valério Araújo, e da coordenadora de diversidade do grupo Aegea, Keila Martins, e da apresentação do Bloco afro Lemi Ayó.

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