Moradores do bairro Chacrinha, em Nova Iguaçu, não aprovaram as mudanças realizadas no trânsito da região, implementadas pela Secretaria Municipal de Trânsito, Transporte e Mobilidade Urbana no último sábado (15/05).

Uma das mais movimentadas vias de Nova Iguaçu, a Avenida Governador Roberto Silveira, passou por uma mudança que modificou toda a vida do bairro, exclusivamente residencial, e que agora sofre os impactos do alto fluxo de veículos, incluindo ônibus e caminhões.

Agora, quem vem do Viaduto da Posse e deseja seguir para o Centro deve acessar a Rua Luís Carlos de Freitas, que também tem sentido único em direção à Rua Manoel Pereira Oliveira. Nesta via, por sua vez, os motoristas só podem seguir um sentido, da Rua Ernesto Francisco de Moura em direção à Avenida Governador Roberto Silveira.

Com as alterações, os ônibus e vans que fazem o transporte complementar de passageiros que trafegam pela Avenida Governador Roberto Silveira, sentido Centro, também estão seguindo itinerário: Av. Gov. Roberto Silveira, Rua Manoel Pereira Oliveira, Rua Ernesto Francisco de Moura, Rua Paschoal Paladino.

Insatisfeitos com a mudança que impactou negativamente o bairro, até então tranquilo, moradores da região fizeram uma manifestação na noite de quarta-feira (19/05) bloqueando o acesso como forma de apelar ao prefeito de Nova Iguaçu, Rogerio Lisboa, para que repense a decisão e o trânsito na Rua Governador Roberto Silveira volte a ser como era antes.

Eles alegam que as ruas do bairro se transformaram num caos. Como são estreitas, não comportam o alto fluxo de veículos, principalmente de ônibus e caminhões, que quando passam, acabam arrebentando os fios de telefone e internet devido à altura. “Essa mudança está causando um transtorno imenso. Devido à pandemia, muitas pessoas estão em home office e as crianças com aulas online. Além do barulho, estamos ficando sem internet constantemente pois os caminhões quando passam arrebentam os fios. Não entendo o motivo dessa mudança. Não fomos ouvidos, não vimos nenhuma equipe da Prefeitura fazer um planejamento aqui. Foi uma mudança extremamente irresponsável e só nos leva a crer que foi feita sem nenhum critério e por pessoas que, no mínimo, não conhecem a cidade”, declarou uma moradora da Rua Manoel Pereira Oliveira, a mais impactada com a mudança.

Casa ficou quase 24 horas sem luz após caminhão cortar fiação

Com a circulação de ônibus e caminhões pelo bairro, o rompimento dos cabos de energia, internet e telefone da Rua Manoel Pereira Oliveira, se tornaram frequentes. Na quarta-feira (19/05), o baú de um caminhão que transitava pela via ficou preso em um fio de energia elétrica de uma casa. A força do impacto foi tão grande que até o marcador de consumo foi arracando. Os moradores ficaram quase 24 horas sem luz. Somente na quinta-feira (20/05), por volta das 10h uma equipe da Light esteve no local para fazer a religação.

“Ficamos muito insatisfeitos com essa mudança. Nossa rua é totalmente residencial e as crianças brincavam tranquilas. Sem nenhum aviso prévio, fomos pegos de surpresa com esse fluxo intenso de veículos. A única coisa que fizeram na véspera, foi colocar uma pouca sinalização nos postes. Estão sendo dias de muito transtorno para todos aqui na rua, até que ontem (quarta-feira) fomos nós os atingidos. Escutei um forte barulho e ficamos sem luz. Quando fui ver o que tinha acontecido, percebi que o caminhão havia levado nossa fiação de energia elétrica e destruído nosso relógio. Ficamos um longo período sem luz. Somos em quatro aqui em casa, eu, meu marido e duas crianças, que estudam, trabalham e dependem muito da energia elétrica. Tivemos que parar a nossa rotina, pois levou cerca de 20 horas para retornar. A Light só religou nesta quinta-feira. Mas ainda falta reparar o refletor, que ajudava a iluminar a rua,  e algumas câmeras de vigilância que também foram danificadas. A gente espera uma posição da empresa responsável pelo caminhão que causou o prejuízo, embora a gente tenha consciência que era apenas um motorista que estava exercendo sua função e não teve culpa. A via é que não está apropriada para a passagem de um caminhão de grande porte”, explicou a moradora Luana Rodrigues que fez um apelo à Prefeitura:

“A gente espera que a Prefeitura volte atrás na decisão. Os moradores do Chacrinha e do Conjunto Habitacional Roberto Silveira estão sofrendo demais com essa mudança. Só queremos a nossa vida de volta. Queremos ordem e que tudo volte à normalidade. Esperamos que a Prefeitura nos atenda.”

Secretaria avalia como positivas as alterações no trânsito do bairro

Questionada sobre a reclamação dos moradores do bairro Chacrinha, a Prefeitura de Nova Iguaçu ressalta que a Secretaria Municipal de Trânsito, Transporte e Mobilidade Urbana (SEMTMU) avalia, até o momento, como positivas as alterações no trânsito do bairro Chacrinha, em Nova Iguaçu.

Confira,  na íntegra, a nota enviada pela Prefeitura:

“As mudanças, divulgadas à população e comerciantes locais durante o mês de abril, com a distribuição de cinco mil panfletos, foram implementadas no dia 15 de maio, uma semana após a data prevista inicialmente. Elas têm como objetivo dar mais fluidez aos veículos que seguem em direção ao Centro.

Um trecho de aproximadamente 260 metros de extensão da Avenida Governador Roberto Silveira passou a ter sentido único, da Rua Manoel Pereira Oliveira em direção à Rua Vereador Luís Carlos de Freitas. Com isso, quem deseja seguir para o Centro agora deve acessar a Rua Luís Carlos de Freitas, que também passou a ter sentido único em direção à Rua Manoel Pereira Oliveira.

Nesta via, por sua vez, os motoristas só podem seguir em um sentido, da Rua Ernesto Francisco de Moura em direção à Avenida Governador Roberto Silveira.

Algumas solicitações feitas pela população foram atendidas pela SEMTMU, entre elas a proibição da circulação de caminhões pela Rua Manoel Pereira Oliveira.

“Além das mudanças de sentido das vias, estamos fazendo instalação de placas de sinalização e semáforos, pintura de faixas de pedestres e quebra-molas e mantendo agentes de trânsito 24 horas por dia para darmos toda a segurança viária não só aos motoristas, mas também aos moradores daquela região”, disse o secretário da SEMTMU Leonardo Bastos Callijão, destacando o apoio da Secretaria Municipal de Segurança Pública (SEMSEG) e da Polícia Militar na ação.

A SEMTMU tem prazo de 150 dias, a partir da data de publicação das mudanças do trânsito no Diário Oficial (14/05), para acompanhar as alterações e reavaliar a decisão, caso julgue necessário.”  

Foto: Renato Fonseca